Este texto faz parte de uma tarefa de casa que somente será desenvolvida quando orientada pelo professor.
Provavelmente,
você já tenha dito a você mesmo que não sabe Português. Tudo porque
suas notas na disciplina são baixas ou, mesmo que as notas sejam boas,
há uma dificuldade muito grande em assimilar as regras de ortografia, de
concordância, de regência etc. Recentemente, alguma coisa sobre o uso
do hífen e sobre a acentuação gráfica foi modificada pelo Novo Acordo.
“Mas eu nem sabia as regras antigas, quanto mais as novas.”, você
poderia ponderar.
A situação acima está relacionada ao que os estudiosos da língua definem como Gramática Normativa. Nela,
são estabelecidas as regras, normas e orientações para se falar e
escrever. Daí o conceito de certo e errado. Ainda bem que essa gramática
não é a única que existe. Existe uma outra que já começamos a entender
assim que nascemos e nos é passada pelos nossos pais, irmãos e
familiares sem a necessidade de irmos à escola . E é o uso dessa
gramática que mostra o que somos, que revela nossa identidade.
Consideremos
essa nova situação é correto afirmar que todos nós sabemos Português
mesmo sem nunca termos ido a uma escola. Não importa o motivo. O fato é
que todos nós conhecemos e praticamos o Português sem a necessidade do
estudo do livro chamado “Gramática”. Você poderia reclamar sobre os
erros de concordância ou de ortografia. Não importa! O que há nesse caso
é uma outra gramática, denominada de Gramática Internalizada. Nela,
os falantes assimilam naturalmente, pela prática, as regras estruturais
do idioma de acordo com a comunidade em que esse falante está inserido.
Vamos fixar o que lemos até aqui:
1-não existe apenas um jeito de usar (falar) a Língua Portuguesa;
2-não é justo afirmar que há um jeito certo e um jeito errado de falar o Português;
3- existem duas gramáticas da Língua Portuguesa: a gramática normativa e a gramática internalizada.
Existe uma área do conhecimento chamada de Linguística,
cujo objetivo é descrever o funcionamento das línguas. Nesse sentido, a
preocupação é explicar de forma científica o porquê de, por exemplo,
dizermos “eu amo ela”, “ali vão dois cara” ou “me dá uma coca-cola e um
salgado”. Note que explicar é diferente de corrigir. Enquanto a Gramática Normativa prescreve a língua (dita normas), a Linguística explica
a língua, da mesma forma que outras ciências explicam seus
experimentos, seus fenômenos, a partir da prática. Quer dizer, da
prática se constrói uma teoria. A Linguística faz o mesmo.
Uma das divisões da Linguística é a Sociolinguística, responsável pelo estudo da relação entre língua e sociedade.
Neste ponto, a variação linguística entra em jogo porque, por mais que
uma língua seja uniforme, variações no uso estão presentes.
A variação linguística apresenta as possibilidades de uso da LÍNGUA ( a FALA) sem se prender à gramática normativa.
Conheçamos algumas dessas variações em torno do idioma.
1 – Variação geográfica: em relação à região em que o falante está inserido. É ou não é verdade que a fala nordestina é diferente da fala dos cariocas?
2 – Variação histórica: em
relação à época em que o falante está inserido. Preste atenção no
linguajar dos jovens e dos mais velhos de uma mesma região. Observe as
gírias.
3 – Variação social: em
relação ao grupo social em que o falante está inserido. Por exemplo, a
maneira de um evangélico se expressar em relação a um apaixonado por
futebol.
4 – Variação estilística: um
mesmo falante em diferentes situações comunicativas. A maneira de falar
de um aluno ao apresentar oral um trabalho em sala é diferente da
maneira de falar desse mesmo aluno no intervalo.
Infelizmente, nossa sociedade discrimina os falantes pelo fato de eles adotarem determinadas variações linguísticas. Para a Linguística, não existe variação linguística melhor
ou pior. Todas são importantes, pois cada uma, dentro do seu universo,
cumpre seu papel comunicativo e interacional. Todas possuem seu espaço.
E o porquê do preconceito linguístico? A variação linguística que leva em conta todos os preceitos da Gramática Normativa é
considerada pela sociedade como a variante de prestígio, a melhor. E
quem fala ou escreve fora desses preceitos incorre em erro. Isso explica
as críticas sofridas pelo ex-presidente Lula em relação à sua fala.
Também explica o fato de todos nós precisarmos dominar essa variante de
prestígio para obter espaço na sociedade. Por que precisamos evitar
gírias quando da entrevista de emprego? Por que todos os concursos
públicos ou vestibulares possuem a prova de Português e/ou Redação? Tudo
porque somos cobrados a dominar a norma culta ou variante de prestígio.
Partindo da constatação de que a norma culta ou língua culta requer
estudo, observância às regras de pronúncia, ortografia, concordância e
sintaxe, existe uma variação linguística na qual não há aquela sensação
de estar sendo vigiados. Referimo-nos à língua coloquial, usada nas situações informais pelos falantes, correspondente à Gramática Internalizada, já descrita anteriormente.
Por
fim, é importante deixar claro que não há erro de Português. Há, sim,
diferentes possibilidades de uso em relação à única possibilidade
proposta pela Gramática Normativa.
Cabe a cada falante refletir sobre qual é a melhor variante linguística
para uma determinada situação. Não é assim que nós nos comportamos em
relação ao vestuário?
Bibliografia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Varia%C3%A7%C3%A3o_(lingu%C3%ADstica) - Acesso em 03 fev 2010 13h
http://www.lendo.org/preconceito-linguistico/ - Acesso em 03 fev 2010 14h
Apostila
“Uma nova visão da Língua Portuguesa” preparada pela professora mestra
Liliane Jaqueline Guimarães Ribeiro, adotada no Cemtn em anos
anteriores.
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