"QUEM FALA UMA LÍNGUA SABE MUITO MAIS DO QUE APRENDEU" (CHOMSKY)


segunda-feira, 12 de maio de 2014

TEXTO CONCEITUAL: GÊNERO NARRATIVO



  NARRAR É CONTAR UMA HISTÓRIA. O TEXTO NARRATIVO APRESENTA

ELEMENTOS ESSENCIAIS: ENREDO, ESPAÇO, PERSONAGENS, ESPAÇO, TEMPO.

ENREDO – A SEQUÊNCIA DE FATOS É O ENREDO, A HISTÓRIA QUE SE CONTA.                

O ENREDO DEVE APRESENTAR UMA SITUAÇÃO DE DESEQUILÍBRIO. O DESEQUILÍBRIO

É VIVIDO PELOS PERSONAGENS.

CLÍMAX- PARA PRENDER A ATENÇÃO DO LEITOR, O NARRA DOR AUMENTA

GRADATIVAMENTE A DRAMATICIDADE, A TENSÃO DA SITUAÇÃO, ATÉ ATINGIR O

CLÍMAX. MOMENTO EM QUE O CONFLITO CHEGA AO SEU PONTO MÁXIMO.

PERSONAGENS – SÃO SERES FICTÍCIOS, CRIADOS PELO ESCRITOR. AS PERSONAGENS

APRESENTAM CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E PSICOLÓGICAS, COMO SE FOSSEM

PESSOAS DO MUNDO REAL. TEMOS PERSONAGENS PRINCIPAIS, SECUNDÁRIOS

PROTAGONISTA E ANTAGONISTA.


ESPAÇO – É O LUGAR, O ESPAÇO FÍSICO ONDE A AÇÃO DRAMÁTICA SE DESENVOLVE.


FOCO NARRATIVO – APRESENTA O TIPO DE NARRADOR

EM PRIMEIRA PESSOA

EM TERCEIRA PESSOA
TEMPO – O TEMPO EM UMA NARRATIVA PODE SER:
CRONOLÓGICO- É O TEMPO MARCADO PELO RELÓGIO

PSICOLÓGICO – É O TEMPO SUBJETIVO, MUDA DE INDIVÍDUO PARA INDIVÍDUO.

MARCA-SE PELAS SENSAÇÕES OU PENSAMENTOS

ASSUNTO :É A HISTÓRIA EM SI, A SUCESSÃO DE FATOS.

TEMA É O ASPECTO DA REALIDADE QUE O ESCRITOR DESEJA REVELAR, DEBATER,

QUESTIONAR, ANALISAR.

O GRALHA


O Gralha

            Não deu a eles o prazer de ouvir seu grito. Aguentou cada chibatada sem emitir um único som. Nas primeiras pancadas todo o seu corpo se contraía, mas após algum tempo a dor era tanta que não aguentava ficar em pé. Perdeu as forças e ficou pendurado pela corda amarrada ao pelourinho tomado por um ódio que só não era maior que o desejo de morte. O negrinho estava com a calça arriada, coberta por sangue e barro logo abaixo dos joelhos. Seus irmãos o olhavam com pena, medo e ira.
            E Maria não gritava mais.
            Antes de desmaiar tinha de vê-la novamente. Uma última olhadela para a mulher que amava. As poucas lágrimas que possuía escorreram frias como o corpo da escrava. Pediu aos orixás para que a mulher fizesse uma passagem tranquila e então se estatelou no chão quando o feitor desamarrou seus pulsos.
            - Deixa disso, homem! – havia dito Maria quando ele lhe dissera que fugiriam. – O S’nhorzim nos mataria se descobrisse que anda tendo essas ideias.
            - Não mataria não, tenho certeza – respondeu o Gralha – Porque ele nunca vai descobrir.
            E não tardou muito para o negrinho descobrir que estava errado. Quando o Coronel ficou sabendo mal tinham saído da fazenda. Maria fora estuprada na frente dele, logo depois morta e o Gralha apenas assistiu enquanto apanhava.
            - Gralha, chupe. – alguém lhe ofereceu um pedaço de cana depois que se recolheram para dormir – roubei do engenho hoje. Vai te dar um pouco de energia. – O escravo ficou realmente grato, mas não conseguiu identificar aquela alma solidária. Estava bastante escuro.
            Naquela noite, não sonhou com absolutamente nada. Fora uma noite escura e cruelmente dolorosa dentro da senzala. O enorme galpão de madeira não tinha nenhum tipo de divisão além das quatro pilastras que a sustentavam. A palha do colchão pinicava os ferimentos das costas do negrinho e as correntes que lhe prendiam os pés o impedia de vira-se para deitar de barriga para baixo. Resolveu então não se mexer, quiçá não doesse tanto. Entretanto, o miserável não pôde lutar contra a febre e os tremores que a peste lhe causava. No fim das contas, foi realmente uma péssima noite.
            Quando o galo cantou, a porteira da senzala se abriu. O fedor vindo das latrinas se espalhou com a corrente de ar. O feitor - um mulato entroncado de barba grossa - e o coronel Patrício adentram no alojamento. O coronel mandou todos os negros para o engenho e o Gralha foi levado para tratarem de suas feridas.  Enquanto era tratado viu de relance a mãe, mas não estava autorizado a falar com ela.
            Em menos um quarto de mês o negrinho já estava no engenho. As feridas demoraram um pouco a cicatrizar, mas a motivação havia lhe abandonado.
            Durante uma tarde de sábado foi pego de surpresa com uma visitante a muito sumida. Sua mãe era uma escrava como ele, mas trabalhava na cozinha e raramente podia visitar o filho. Embora fosse sempre bom vê-la, naquela tarde o ódio que o Gralha sentira no dia da morte de Maria retornou com tamanha força que se tornou impossível para o homem conter seus atos.
            Francisca fora uma negra bela quando jovem, sempre possuiu ancas largas e cabelos longos. Tinha olhos negros brilhantes que mesmo depois da velhice ainda mantinham o encanto, mas naquela tarde quando visitou o filho, os tais olhos estavam inchados, acima da sobrancelha havia um enorme corte, e os grossos lábios escuros estavam encobertos por uma crosta de lama e sangue seco.
            A mulher chorava e seus soluços a impediam de falar. O coronel vinha bêbado logo atrás com uma chibata na mão e um longo sorriso no rosto.
            - Um pouco de pinga, negrinho? – ofereceu com sarcasmo o velho Patrício.
            Sem uma palavra o Gralha pulou sobre o coronel e os dois começaram a rolar no chão. O capitão do mato deu um tiro para o alto e a confusão atraiu todo o engenho. O coronel desembainhou a arma da cintura e empurrou o escravo para longe.
            - Chegue mais perto e estouro seus miolos, mulato infeliz! – seu sorriso havia desaparecido. Olhou para o capitão – O que estava esperando para matar este imbecil?
            - Mato agora se quiser coronel! – respondeu apontando o fuzil para o Gralha.
            A garrafa de pinga que o velho Patrício segurava antes de toda a bagaceira estava caída no chão. Com um rápido giro da mais bela representação de capoeira o escravo chutou para longe a arma da mão do coronel e quebrou a garrafa de pinga numa pedra. Cravou o vidro na barriga do velho.
            O coronel desatou a rir descontroladamente enquanto cuspia sangue no rosto do negrinho.
            - Diga a ele, Francisca – murmurou – Vamos! Diga quem é o pai deste infeliz.
            Francisca ajoelhou-se aos prantos e começou a rezar o pai nosso. Gralha já sabia. Nada precisava ser dito. Era sua sina matar o pai. Era o que desejava desde criança.
            - Arda no inferno. – sussurrou no ouvido no coronel.
            - O mesmo para você.
            O velho olhou para capitão e silenciosamente e deu a ordem para atirar. Enquanto sua mãe gritava, o negrinho fechou os olhos e partiu ao encontro de Maria.
            Lá no céu, um bando de urubus voava em círculos. E há quem diga que uma bela gralha pousou no topo do tronco e gritou seu nome.

ISMÁLIA

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ISMÁLIA

ALPHONSUS GUIMARÃES



Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,

Seu corpo desceu ao mar...

segunda-feira, 14 de abril de 2014

GABARITO - PROVA DO 1º BIMESTRE

         Hoje fizemos nossa primeira prova bimestral. Sei que muitos se assustaram com o tamanho da avaliação e com a quantidade de textos. Precisamos nos acostumar com esse tipo de avaliação. Faltam 8 meses para a primeira etapa do PAS.
         Apresento o gabarito da prova. Confira com seu caderno de provas.

1- C                2- C              3- E             4-C          5- E            6- E        7-C           8-E

9= 255

10- C            11- E               12- C            13-C            14- C           15-E

16=450

17= ALTERNATIVA C
18= ALTERNATIVA C
19= ALTERNATIVA E

20- C           21- C               22- E             23-C            24-E                25-C

CADA ITEM DE CERTO/ERRADO VALE  0,075
CADA ITEM CDU VALE 0,3
CADA ITEM DE MÚLTIPLA ESCOLHA VALE 0,3

TOTAL DA AVALIAÇÃO= 3,0 PONTOS    

segunda-feira, 7 de abril de 2014

MALDITA PROFESSORA

                                                             Maldita Professora!
Pedro Bandeira
- Doutora Janaína, chamando na UTI ... Chamada para a doutora Janaína no pronto-socorro ... Doutora Janaína, favor comparecer ao centro cirúrgico ... Doutora Janaína ... Doutora Janaína ...
Janaína acordou sobressaltada. Olhou o relógio de pulso. Dormira apenas uma hora das duas a que se dera direito naquela noite de plantão. Mas, desperta, verificou que ninguém invadira a sala de repouso dos médicos a sua procura e ninguém a estava chamando pelo alto-falante. Ela havia mais uma vez sonhado com o estresse de verdade que era a rotina de quem ocupa cargos de chefia em um hospital. Apesar de ser diretora clínica, Janaína não aceitava as mordomias do cargo e fazia questão de partilhar dos plantões com seu pessoal. Era o seu modo de pôr-se a par de tudo o que se passava no hospital. E aquele seu modo de ser, de agir, de dirigir pessoas, de apoiá-las, de estar sempre presente tomara-se vitorioso. Aquela era a única clínica da cidade que conseguira diminuir pela metade os casos de infecção hospitalar, além de ter-se tomado um dos melhores centros de pesquisas científicas do país.
Com menos de trinta anos, Janaína conquistara muito. Sua tese de doutorado já estava traduzida em três línguas, e seus artigos já tinham sido publicados pelas mais importantes revistas médicas do mundo. Mas a jovem médica nunca parecia satisfeita. Cansaço era uma palavra que ela desconhecia e "furacão" era o modo como os funcionários do hospital se referiam à doutora Janaína quando ela não estava por perto. "Bom, ainda tenho uma hora. Quinze minutos para um banho e ainda vai dar tempo para dar uma olhada no pronto-socorro ... " O terninho branco estava amassado. Abriu o armário onde estava escrito seu nome. Tirou outro uniforme impecavelmente envolto em plástico. Sempre trazia três jogos completos, inclusive roupa de baixo. O dia-a-dia e o noite-a-noite de um hospital trazem sempre muitas surpresas, especialmente aquelas que mancham os uniformes dos médicos de sangue, pus, vômito e excrementos. Era sempre bom estar preparada. Despiu-se, jogando toda a roupa na cesta de desinfecção. Abriu o chuveiro ao máximo e entrou sob o jato revigorante. Aos poucos, todo o banheiro estava invisível com o vapor quente. Ensaboou-se vigorosamente, usando o sabonete desinfetante dos cirurgiões. Sob o vapor, dentro das paredes brancas do banheiro, o único ponto negro era o seu lindo corpo nu.
- Como é, menina negra? Optou pela vagabundagem?
- Mas, dona Vera, eu estudei ... Varei a noite ... Tanto que a senhora me deu nota oito ...
- Oito! Grande coisa! Vai se contentar com nota oito, é? E se o mais importante da matéria estiver justo nos vinte por cento que você desconhece? O que é que você vai ser na vida?
- Eu ... quero ser médica ...
- Médica?! Não me faça rir! Com a sua vagabundagem, você só vai entrar num hospital como faxineira. Ou como paciente, em um hospital para indigentes!
- Mas oito foi a maior nota da classe, dona Vera ...
- Não quero saber. Você vai fazer todos os exercícios complementares deste livro que eu trouxe de casa. E é para amanhã!
- Mas, dona Vera ...
Janaína já passara por quatro anos de psicanálise, mas jamais conseguira se livrar daquelas lembranças amargas do colegial e daquela megera que tinha atormentado sua vida durante três anos. Professora de Química! Maldita professora! Tinha sido duro ... Colegial à noite, trabalho num laboratório de dia, estudos pela madrugada, sem dinheiro para cursinho e, no fim, o primeiro lugar no vestibular para a melhor faculdade de Medicina do país. Por sorte a faculdade era pública, como tinham sido seus cursos anteriores. Mesmo assim, se não tivesse vencido o concurso para a bolsa especial, como poderia ter comprado todos aqueles livros caríssimos que a bolsa lhe forneceu de graça? Nos dois primeiros anos, a bolsa só se renovaria se ela conseguisse manter suas médias em oitenta por cento.
"Oitenta por cento! O eterno 'oito' da dona Vera ... Bruxa!" A partir do terceiro ano, a bolsa exigia noventa por cento de aproveitamento, e Janaína lutou como uma leoa. Começou a fazer estágios em hospitais e, por uma dessas sortes que o destino raramente reserva aos despossuídos, a sociedade mantenedora daquela clínica resolveu pagar-lhe um bom salário durante todo o resto do estágio que, para todos os outros estudantes, era não-remunerado. Algum dinheiro começou a entrar, e Janaína destacou-se. Ao formar-se em primeiro lugar, já era uma médica requisitada e de prestígio. Sua tese de mestrado foi defendida em dois anos e a de doutorado tornou-a nacionalmente conhecida pela originalidade e pelo rigor científico com que tratara o tema. Devido ao sucesso que, quase imediatamente, suas pesquisas conseguiram no país e no exterior, Janaína foi convidada para assumir aquele cargo de chefia, tomando-se responsável por equipes compostas de médicos que, em sua maioria, tinham quase o dobro de sua idade.
Enxugou-se friccionando o corpo com força como o noivo gostava de fazer nos poucos momentos em que ela arranjava para estar com ele. Arrepiou-se ao lembrar-se de Carlos Alberto. Com ele, virava menina, ficava frágil e gostava de ser mimada. O doutor Carlos Alberto era um conhecido cirurgião, oito anos mais velho que ela. E como era difícil encontrar períodos em que ele não estivesse numa sala de cirurgia e, ao mesmo tempo, ela não estivesse mergulhada em sua clínica!
- Doze, até catorze horas de trabalho por dia! Como é que você agüenta, minha filha? - perguntava-lhe volta e meia o velho pai, sempre inchado de orgulho. Quem, um simples pedreiro como ele; quem, um negro pobre como ele, poderia sequer sonhar ter uma filha médica? E ainda por cima uma cientista respeitada como Janaína?
"Quando é que eu vou arranjar tempo para casar?", pensava ela acabando de vestir-se. "O Carlos Alberto não pára de perguntar ... Ai, eu queria casar logo com ele, queria ter filhos ... Mas como eu posso tirar férias justo agora que ... "
Para Janaína sempre havia um "justo agora que ... " para adiar planos pessoais. Ela pertencia quase exclusivamente aos seus pacientes, principalmente aos mais pobres, e aos jovens médicos que se sentiam esmagados pela roda-viva enlouquecedora do hospital e contavam com ela em todos os momentos. Quando abriu a porta da sala de repouso dos médicos, Janaína estava pronta, como se tivesse dormido oito horas seguidas. E lá estava o eterno alto-falante a chamar por ela:
- Doutora Janaína, por favor, compareça à urgência ... Doutora Janaína, chamada urgente na ...
Entrou no elevador junto com a maca empurrada por uma enfermeira.
- Bom dia, Clotilde! - cumprimentou ela, que conhecia todos os funcionários pelo nome.
- Bom dia? - sorriu a moça. - Ainda são três horas da madrugada, doutora Janaína!
- Então, boa madrugada! - brincou ela. - Seu marido já conseguiu o novo emprego?
- Já, doutora. Começou na segunda-feira.
- Parabéns, querida.
Automaticamente, Janaína pegou a ficha do paciente da maca, ao mesmo tempo que agarrava seu pulso.
- Oi, querido, o senhor parece ótimo! Paciente do doutor Macedo? - perguntou ela, lendo o prontuário.
- É, sim, doutora - respondeu a enfermeira. - Preparação para cirurgia.
O homem na maca sorria para ela. Para todos os pacientes, a fisionomia sempre alegre e segura de Janaína funcionava como uma terapia. A qualquer hora do dia ou da noite, Janaína sempre parecia um anjo salvador, lindo e perfumado, e sua simples presença já proporcionava ânimo ao doente, aumentando suas chances de recuperação. Mas o caso ali presente era difícil. Janaína folheou os exames rapidamente. Um câncer de próstata com metástases. Sobreviera um bloqueio e a cirurgia se fazia urgente. Macedo era um grande urologista, mas aquele pobre homem tinha poucas chances.
- Boa sorte, querido - disse ela no mais lindo dos sorrisos. - O senhor está nas melhores mãos.
- Obrigado, doutora ...
A porta do elevador abriu-se e a maca saiu para o corredor.
Sobre ela, o homem seguia para os preparativos cirúrgicos pensando que os anjos de verdade são negros ...
Por mais dois andares, Janaína continuou sozinha dentro do elevador. A fazer-lhe companhia, novamente a lembrança aterrorizante da distante professora:
- Como é, ]anaína? Vai abandonar os estudos, é? Pelo jeito vai mesmo ... O que vai ser? Passista de escola de samba?
"Maldita! Maldita!", pensava a pobre menina na ocasião. "Vou mostrar para ela, ah, se vou! Quem vai dançar é ela! Eu vou ser médica! Vou ser médica! Ela vai ver!"
Logo na saída do elevador, uma enfermeira a esperava:
- Doutora, por favor, o doutor Gelson está esperando pela senhora.
Entrou na ante-sala da UTI e o chefe do setor correu para ela.
- Doutora, por favor, venha ver este caso. Já consegui controlar a arritmia, mas ... Bom, acho que é sua especialidade e ...
- Deixe ver o prontuário, Gelson.
O médico estendeu-lhe uma pequena pilha com papéis e radiografias. Era um tumor grande, e os exames mostravam que o paciente estava longe das condições necessárias para ser levado à mesa de cirurgia.
- Hum ... Qual é a idade dele?
- Dela, doutora Janaína. É uma senhora ...
Janaína leu o nome da paciente no alto do prontuário e sentiu-se desfalecer. "Como?!"
Seus lábios tremiam, como se estivesse com febre, quando perguntou:
- Dona Vera?! É a dona Vera Moreira?
- Sim, o nome dela é Vera Moreira. Não sabia que a senhora a conhecia, senão ...
- Em que leito ela está?
-No onze ...
Forçando-se para não cambalear e não esbarrar nos outros leitos da UTI, Janaína percorreu a fila. Número oito, nove, dez ... onze! Afastou a cortina de plástico que ocultava o leito e encarou o rosto emoldurado pelo branco do travesseiro. Era um rosto velho, enrugado demais pelo sofrimento, e tinha um olhar baço que se fixou nela:
- Janaína ...
"Dona Vera? É dona Vera mesmo?"
A voz lhe fugia da garganta, o ar parecia faltar-lhe nos pulmões e era como se o sangue tivesse se congelado em suas veias.
- Eu ... É dona Vera mesmo?
A mulher esquelética sorria agora docemente. Seu olhar tinha o brilho do triunfo:
- Janaína ... minha querida ... eu sabia que você conseguiria ... Venha cá, venha mais perto, menina ...
Janaína nunca poderia imaginar que acabaria por encontrar aquela professora num momento como aquele, um momento de despedida. Mas a expressão da velha professora traduzia um orgulho tal que a morte hesitaria em cumprir sua tarefa se chegasse naquele momento.
- Você nunca entendeu, não é, Janaína? Você sempre me odiou, não é?
- Eu ...
A médica tremia ao aproximar-se. Estendeu a mão e a paciente tomou-a, apertando.
- Estou indo embora, Janaína. Por favor, não minta para os moribundos. O que você pensava de mim naquela época?
- Dona Vera ... Eu não sei. .. Por que só comigo, dona Vera?
Por que a senhora me perseguia tanto? Por que comigo?
- Você mesma tem essas respostas, minha filha - balbuciou. - Você chegou lá. Chegou aonde eu sabia que poderia chegar. Você era a melhor, Janaína, a melhor. Mas isso não bastava, porque você é negra, seus pais eram pobres, não tinham poder. Você teria de conseguir ser melhor do que os melhores, para cumprir seu destino. Eu não podia tratá-la igual aos outros, aos outros que eram brancos, que não sofreriam preconceitos no futuro ... Eu tinha de exigir, de forçar, de ser dura ... E eu sabia! Eu sabia! Eu sabia que você conquistaria tudo o que desejasse na vida, se aprendesse a lutar. A lutar contra todos, inclusive contra mim ... Ah, eu estava certa! Agora, posso ir em paz ...
- Dona Vera! Dona Vera! - gritava Janaína, descontrolada, esquecendo-se do silêncio necessário à UTI, ao sentir sob os dedos o desaparecimento da pulsação da velha professora. - Rápido! Ressuscitação! Gelson, Neide! Tragam o desfibrilador! Já! Salvem essa mulher, pelo amor de Deus!
O doutor Carlos Alberto saía de uma cirurgia complicada. Acabava de lavar-se quando o chamaram ao telefone. Quem falava era um residente da UTI, muito nervoso:
- Doutor Carlos Alberto, por favor, venha cá. É a doutora Janaína. Acho que é o cansaço. Ela sempre diz que a gente tem de lutar para não sofrer quando perde um pacinte, mas ...
- O que houve?
- Uma paciente acabou de falecer, e ela está chorando demais, doutor, ela ...
Quando o belo médico chegou à UTI, Janaína estava sentada numa cadeira do corredor, com um copo de café nas mãos. - Janaína, querida, o que houve?
A diretora clínica do hospital levantou seus lindos olhos para o noivo. "Como é bonito esse médico! E ele é meu!", dizia seu olhar, já calmo, acompanhado por um sorriso sereno:
- Estou bem, querido. Mas sabe aquela sua proposta?
- Proposta? Que proposta?
- Aquela do casamento ...
- O quê?!
- Sabe? Essa é a melhor hora para dizer sim. Estamos mesmo precisando de umas férias, não é?
- Meu amor! Que maravilha! Mas você dizia que ... Janaína tocou-lhe levemente os lábios, fazendo-o calar-se. Tudo mudou, querido. Este é o melhor momento, sabia? Eu não tenho mais nenhum ódio dentro de mim, nenhum rancor, nenhum ressentimento. Agora eu só tenho amor. Você quer esse amor, assim, sem nem um tracinho de ódio? De ódio por ninguém? Só de gratidão, só de carinho, só de eterna ternura por toda a humanidade?
- Querida, o que está havendo com você?
- Está havendo tudo. Me beije, por favor. .. Acho que os colegas não vão se importar ...

domingo, 30 de março de 2014

ATIVIDADE 01 SOBRE FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Somente desenvolva a tarefa quando ela for orientada em sala de aula.


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01) Compare as duas descrições da lua. Identifique em qual há o predomínio da função poética e em qual há o predomínio da função referencial. Justifique sua resposta:
a) A lua é o satélite da terra.                          b) A lua é a luz que ilumina os sonhos dos namorados.

02) Leia os títulos de notícias. Identifique aqueles em que há o predomínio da função referencial e aqueles em que há o predomínio da função emotiva, ou em outras palavras:

- Copie uma frase de cada vez.
- Interprete a situação.
- Escreva se a frase apresenta função emotiva ou função referencial.
 
a) É importante ganhar na estreia.
b) Primeiro desastre nuclear foi na Inglaterra.
c) Falta coragem para melhorar o sistema de transporte.
d) Grêmio vence o Inter.
e) Hoje vai chover muito em Brasília.
f) Que pena, esqueçam o banho de sol na Água Mineral. Choverá muito em Brasília neste fim de semana.
g) Presidente dos EUA visita Brasília e  esquema de segurança é preparado.
h) Presidente dos EUA visita Brasília e esquema de segurança absurdo é preparado.
i) A prova apresenta 25 itens sobre gramática.
j) A prova está muito difícil. Apresenta 25 itens sobre gramática.
k) Nossa, que chuva!
l) A chuva fez transbordar o rio da cidade de São Paulo.
m) Que pena, perdi minha carteira.
n) Um cidadão localizou uma carteira com documentos ao lado do banco.
o) O exercício está longo demais.
p) A doença é grave.
q) Acredito que a doença é grave.
r) O carro avançou o sinal vermelho.
s) Meu Deus! O carro atropelou a criança.
t) A falta do jogador foi grave, que absurdo.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Enfim, trabalho finalizado!


          Os alunos do 1º ano do CEMTN superaram, hoje,  o primeiro grande desafio da escola: a elaboração do trabalho LINHA DO TEMPO. Foram 25 dias de reflexões, análises, buscas históricas e, acima de tudo, foram dias que propiciaram uma volta ao passado e um diálogo com a família.

          O trabalho LINHA DO TEMPO apresenta a oportunidade de superar várias barreiras, de quebrar alguns maus costumes.
  
          Primeiramente,  deve-se  compreender que estudar exige compromisso. Não dá mais para fazer de conta que estudamos.  Não dá mais para adiar o aprendizado. Assim, a dinâmica do trabalho cobra do aluno garra e vontade de construir textos autênticos.  Encerra-se o ciclo  famoso do "copiar e colar" da internet.  

           A segunda barreira  a ser rompida diz respeito à necessidade de seguir as normas que orientam toda elaboração do trabalho. Entender que não basta fazer; é fundamental fazer excepcionalmente bem feito.

            O último obstáculo superado foi a busca pela história da própria vida que cada aluno realizou. Voltar ao passado, nem sempre, é uma tarefa tão fácil. Requer coragem reviver situações marcantes, tristes, que muitas vezes queremos ver escondidas.  Agradeço a coragem dos alunos que foram aos "passados" já vividos e resgataram inúmeras situações tristes, alegres, traumáticas com a visão de um cidadão que entende que refletir e compreender tudo o que vivemos abre possibilidades incríveis de planejar o futuro, quebrar ciclos, assumir a condução do próprio ônibus da história.

            Em nome de toda a equipe de professores que orientou o trabalho, preparou o Aulão e corrigiu mais de 1000 rascunhos apresentados nos últimos dias, agradeço a garra e determinação dos alunos que, hoje, entregaram o trabalho LINHA DO TEMPO. 

             Obrigado pelo voto de confiança. Continuem acreditando que estudar vale a pena e que a ESCOLA PÚBLICA deve ser de qualidade.

                Professor Cárlinton Alvarenga


       

segunda-feira, 24 de março de 2014

O SER HUMANO COMO UM SER NO MUNDO


ESTE TEXTO FOI ESPECIALMENTE ADAPTADO PARA A TAREFA ORIENTADA EM SALA
O TEXTO ORIGINAL ENCONTRA-SE NO SITE http://www.cespe.unb.br/pas/
Objeto de Conhecimento 1 O SER HUMANO COMO UM SER NO MUNDO


      O que é ser humano? O que torna o ser humano distinto dos seres não humanos? O que aproxima os seres humanos dos demais seres vivos? O que os diferencia? O que é o mundo? Que implicações esses questionamentos acerca do ser humano como um ser no mundo podem trazer à realidade?
         A partir dessas considerações, vários objetos de conhecimento podem orientar debates envolvendo diversas áreas do saber, de modo que a relação entre a escola e os saberes possa ser transformada a partir da contextualização e da interdisciplinaridade dos conhecimentos, com potencialidade para transformar práticas cotidianas ligadas à sociedade em geral e à escola em particular, bem como ao conjunto das práticas humanas.
          Assim, destacamos as perguntas “o que somos e o que podemos nós, seres humanos?”, a fim de fundamentar reflexões vinculadas à existência humana, como um efetivo problema a ser investigado. A filosofia, um modo de saber com características particulares, ainda que não ofereça respostas definitivas para essas perguntas, reflete a respeito delas e, em sua tradição histórica, oferece ricas contribuições para a compreensão da complexidade da existência humana e pode, com isso, fundamentar a elaboração de propostas de intervenções na realidade.
         Entretanto, pensar a existência como problema humano não é postura exclusiva à filosofia; está presente também em obras de arte, A atualidade das questões vinculadas ao conjunto de perspectivas e de respostas formuladas pelos diversos pensadores permite identificar algumas que podem servir para pensar e compreender o presente e fundamentar projetos para o futuro, considerando a diversidade sociocultural como inerente à condição humana no mundo e na história.
          Considerando essa perspectiva, o ser humano é pensado ao mesmo tempo no sentido universal e como experiência particular. Compreende-se, assim, o ser humano como um ser natural, contextualizado no mundo – que, por sua vez, consiste em obra de fabricação humana e, portanto, pode ser entendido como ente artificial e possível de transformação. Seres humanos são localizados no tempo e no espaço, imersos em culturas e saberes já constituídos.
          Entre a plasticidade do mundo e os conjuntos de suas possibilidades, os seres humanos despertam para um mundo existente e para si mesmos, com a possibilidade venham a realizar, no intuito de transformar as realidades particulares e coletivas, como se apreende no poema Oração dos desesperados, de Sérgio Vaz.
         Questões como: “Quem sou?”, “Quem somos nós”?, “O que posso e o que podemos fazer?”, encontram no Artigo 5.o da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, contribuições para a discussão e a compreensão do ser humano inserido no mundo e em seu ordenamento jurídico, assim como no texto Este mundo da injustiça globalizada, de José Saramago.
          
As preferências musicais são, em certos casos, referências para o reconhecimento das pessoas e da expressão do que querem ou não ser. Assim, essas escolhas nem sempre se ligam a critérios musicais, mas ao que a música pode representar para si ou para o grupo sociocultural em que elas se inserem. Essa tendência pode ser observada em Camaro amarelo, com Munhoz e Mariano, um tipo de música que mistura estilos e traz, para o público urbano, elementos da música de origem rural adaptados para padrões de consumo de diversos segmentos de mercado. Em contraste, a canção Cuitelinho, na versão de Pena Branca e Xavantinho, apresenta a cultura rural e sua expressão artística, assim como se observa nas manifestações regionais da congada e da catira.
           A existência humana pressupõe capacidade para desenvolver a consciência de si e dos outros, da vida e da morte, bem como das múltiplas possibilidades e contingências na sua trajetória. Esse ser humano se defronta com possibilidades de liberdade e de autonomia e, em certo sentido, com a busca de autotranscendência, aspectos presentes na canção Vida loka parte II, do grupo Racionais MC’s que, ao problematizar esses temas, contribui para reflexões como o respeito ao corpo e pode chamar a atenção para assuntos como gravidez precoce, interrupção de gravidez, nutrição, uso de drogas, intimidade, afetividade, violência, racismo, sensibilidade, criatividade, gestualidade e sexualidade.
      Este objeto de conhecimento indica um foco existencial em suas preocupações e evidencia a complexidade do que é ser humano. Reflexões sobre o ser humano podem despertar para a necessidade de ampliar conhecimentos e para abordagens além do âmbito deste objeto, redimensionando saberes sobre relações entre indivíduo, cultura e identidade; tipos e gêneros; estruturas; número, grandeza e forma; energia, equilíbrio e movimento; formação do mundo ocidental; ambiente; espaços; e materiais.


CUITELINHO 
PENA BRANCA E XAVANTINHO

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Cheguei na beira do porto
Onde as ondas se espáia
As garça dá meia volta
E senta na beira da praia
E o cuitelinho não gosta
Que o botão de rosa caia, ai, ai, ai
Aí quando eu vim de minha terra

Despedi da parentaia
Eu entrei no Mato Grosso
Dei em terras paraguaia
Lá tinha revolução
Enfrentei fortes bataia, ai, ai, ai
A tua saudade corta
Como aço de navaia
O coração fica aflito
Bate uma, a outra faia
Os óio se enche d`água
Que até a vista se atrapaia, ai, ai, ai

CAMARO AMARELO
MUNHOZ E MARIANO




Agora eu fiquei do-do-do-do-doce, doce
E agora eu fiquei doce igual caramelo
Tô tirando onda de Camaro amarelo
E agora você diz: vem cá que eu te quero
Quando eu passo no Camaro amarelo
Quando eu passava por você
Na minha CG, você nem me olhava
Fazia de tudo pra me ver, pra me perceber
Mas nem me olhava
Aí veio a herança do meu véio
E resolveu os meus problemas, minha situação
E do dia pra noite fiquei rico
Tô na grife, tô bonito, tô andando igual patrão
Agora eu fiquei doce igual caramelo
Tô tirando onda de Camaro amarelo
E agora você diz: vem cá que eu te quero
Quando eu passo no Camaro amarelo
E agora você vem, né?
Agora você quer?
Só que agora vou escolher
Tá sobrando mulher




sábado, 22 de março de 2014

PROVA MENSAL - LÍNGUA PORTUGUESA


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       No dia 13 de março, fizemos nossa primeira atividade de avaliação escrita do ano de 2014.  A prova teve uma estrutura diferente. As questões das disciplinas não estavam separadas em bloco. A prova foi construída com um corpo único por meio do qual as disciplinas exploravam os mesmos textos.
            Apresento, aqui, as questões de Língua Portuguesa com as respectivas respostas.

QUESTÃO 09
(   C   ) O professor Fernando nos conta em seu texto (o texto que abre esta avaliação) que ele fez o ensino médio em uma escola do Rio de Janeiro. É correto afirmar que os brasileiros nascidos e que vivem no Rio de Janeiro não usam a Língua Portuguesa da mesma forma que a usamos aqui em Brasília. Esta diferença reforça o conceito que estudamos em sala sobre a fala. 

QUESTÃO 10
(   C  ) No Aulão,  os professores  afirmaram que somos diferentes dos outros seres vivos. Eles nascem "completos"  e, nós,  aprendemos a ser "gente".  Os professores  exploraram também  o conceito: dor da incompletude. Pode-se afirmar que esse conceito se refere aos nossos desejos e vontades.  Por sermos seres de sociedade, nossas linguagens são construídas e aprendidas, por isso a linguagem verbal é uma necessidade que atende os nossos vontades e desejos. 

QUESTÃO 11
(   E  ) No texto "Nois mudemos", explorado no Aulão, fica evidente que a Língua Portuguesa deve ser usada apenas de uma única forma e que a professora de Lúcio agiu eticamente ao corrigir a sua fala na primeira aula.

QUESTÃO 42
Os textos lidos antes do Aulão "As linguagens que constroem nossa linha do tempo" nos convidaram a viajar por situações que vivemos em nosso dia a dia. A história do Lúcio nos fez pensar: afinal, para que devemos estudar nossa língua materna? Você se lembra que Lúcio disse à professora:  "O que aconteceu? Ah! fessora! É mais fácil dizê o que não aconteceu. Comi  o pão que o diabo amassô. E eta diabo bom de padaria! Fui garimpeiro, fui bóia fria, um "gato" me arrecadou e levou num caminhão pruma fazenda no meio da mata." Tudo porque no primeiro dia de aula disse "Nóis mudemos". Analise os seguintes itens e marque alternativa errada.

(   C   ) Lúcio foi excluído das conquistas sociais por não dominar o padrão da Língua Portuguesa escolhido como correto.
(  C    ) A fala de Lúcio em, “Eu sou ‘Nóis mudemo’, lembra?” expõe a perda de sua identidade e a rotulação estipulada pelo grupo social que levou em conta a forma como Lúcio utilizava a Língua Portuguesa e não seus conhecimentos de vida.
(  C   )No final do texto "Nóis mudemo" a professora afirma: " Pensei na minha sala de aula. Eu era uma assassina a caminho da guilhotina. Hoje tenho raiva da gramática. Eu mudo, tu mudas, ele muda, nós mudamos, mudamos, mudaamoos, mudaaamooos... Superusada, mal usada, abusada, ela é uma guilhotina dentro da escola. A gramática faz gato e sapato da língua materna, a língua que a criança aprendeu com seus pais e irmãos e colegas – e se torna o terror dos alunos." Pode-se concluir que a professora defende que o estudo da gramática nas escolas destrói a espontaneidade do uso da Língua, e passa a ser um instrumento de exclusão e controle social.  
(  E   ) O texto "Nóis mudemos" prova que devemos abolir a gramática normativa da Língua Portuguesa. Afinal, a língua somente ganha vida quando é usada, quer dizer, falada. Se temos várias falas possíveis, não há sentido termos uma gramática que orienta o uso de uma fala padrão.